02 novembro, 2007


O Instinto
_____________________________________________________
Análise Crítica do Filme - The Corporation -
Do ponto de vista das pessoas dentro e fora da organização.
_____________________________________________________

Antes de analisar o indivíduo dentro e fora da corporação, precisamos entender a pessoa jurídica , a corporação por inteiro como um indivíduo, seu comportamento e ação.

Se compararmos uma empresa a uma pessoa, do ponto de vista psicológico, podemos dizer que uma empresa assim como uma pessoa tem necessidades básicas de sobrevivência. As pessoas têm como instinto viver, e farão tudo para que não lhes seja tirada a vida, umas das formas de sobrevivência seria a alimentação.

Uma pessoa por mais que seja íntegra, correta e ética, pode, em situações extremas, matar para se defender, ou para defender um filho, pode roubar alimentos no caso de necessidades. Mesmo o ser humano tendo evoluído desde a época primitiva e com o passar do tempo ter adquirido valores éticos e morais de convivência em grupo, o instinto fala mais alto, antes ele, do que o outro, é o instinto de sobrevivência, da continuação da espécie.

O trabalho é: um meio de ganhar dinheiro, dignidade, sentido de vida, poder, status, reconhecimento, etc. Trabalhar é também uma necessidade básica, então, para viver é preciso também manter o emprego, ou manter a empresa “viva”, pois através dela poderá ser concretizada a maioria dos desejos do atual mundo capitalista.

A Corporação, se comparada ao ser humano, tem instinto de sobrevivência, e assim como uma pessoa é capaz de tudo para sobreviver.

Se o lucro é o alimento da empresa, a falta de lucro faria a “empresa morrer” (leia-se falir), então, o instinto da empresa seria manter o lucro a qualquer custo, pois se não o fizesse, estaria com sua existência comprometida.

O filme caracterizou a corporação como sendo psicopata. Sabemos que uma empresa pode ser considerada legalmente uma “pessoa” (pessoa jurídica), mas ela não é um ser humano, são os seres humanos que compõem a organização, ou seja, pessoas reunidas a nome da corporação tornam-se psicopatas.

É essa busca pelo lucro que as tornam psicopatas, pois são capazes de qualquer coisa para que o lucro seja atingido. As pessoas em nome da corporação: mentem, cometem crimes, prejudicam consumidores, devastam o meio ambiente, utilizam meios de corrupção para interesses próprios, concorrência desleal, enfim, uma série de atos anti-éticos e imorais.

Pais de família, pessoas que agem corretamente nas suas casas, com familiares e amigos, dentro da corporação acabam assumindo um comportamento completamente contrário, e acabam sendo co-responsáveis por decisões antiéticas e criminosas. Muitos executivos dessas empresas denominadas como “más organizações” não compartilham das mesmas políticas da empresas, mas mesmo assim continuam nos seus cargos, e não fazem nada para mudá-las.

Uma das razões que explicariam o porquê de tal comportamento, seria o fato de que quando esse indivíduo sai do “uno” e passa a fazer parte desse “todo”, que é a organização, a responsabilidade é dividida, desde os acionistas - que cobram resultados e lucros - até os outros membros da diretoria, gerência, funcionários, e porque não também colocar a culpa nos equipamentos.

Quando o indivíduo passa a dividir as responsabilidades, a culpa não recai sobre ele diretamente (cai sobre a organização) e ainda há uma justificativa de sobrevivência (tudo em nome do lucro) isso faz com que haja essa contradição de comportamento, dentro e fora da corporação.

Também há executivos que justificam com veemência o comportamento das empresas, alegando que não há outra forma de se trabalhar e que parte da culpa é do consumidor que cada vez mais exige conforto e produtos novos.

Felizmente muitas corporações - seja por marketing ou por conscientização - vêm adotando políticas de sustentabilidade, compromisso com o meio ambiente e com a sociedade. A postura destas pessoas por trás das organizações está mudando.

Assim como o ser humano evoluiu e adquiriu valores éticos e sociais, as corporações seguem o mesmo caminho, desde sua fase primitiva, na Revolução Industrial, ela vem atendendo aos dos consumidores, que exigem atitudes além dos produtos ou serviços oferecidos.

Logo mais elas passarão a fase do “instinto” e elas agirão de forma correta, com consciência das suas ações, comprometendo-se em longo prazo.

O mais importante é frisar que as corporações não podem ser vistas como uma única pessoa, e sim como um conjunto de pessoas, cada uma com seu grau de responsabilidade contribuindo para que “A Corporação” seja construída.




Amanda Pagliari

Nenhum comentário: